23 de fev. de 2011
Ela pode estar olhando as suas fotos neste exato momento. Por que não? Passou-se muito tempo. Detalhes se perderam. E daí? Pode ser que ela faça todas as coisas que você faz, escondida. Sem deixar rastro nem pistas. Ou percorra trajetos que eram seus, na tentativa de não deixar que você se disperse das lembranças. As boas. Por escolha ou fatalidade, pouco importa, ela pode pensar em você. Todos os dias. E ainda assim preferir o silêncio. Ela pode reler seus bilhetes. Ela pode ouvir as suas músicas, procurar a sua voz em outras vozes. Quem nos faz falta acerta o coração como um vento súbito que entra pela janela aberta. Não há escape! Talvez ela perceba que você faz falta. E diferença. De alguma forma, numa noite fria. Você não sabe. Ela pode ser o menina com quem passará aquele tão sonhado verão em Paris. Talvez ela volte. Ou não.”
21 de fev. de 2011
- Só sei que nós nos amamos muito…- Porque você está usando o verbo no presente? Você ainda me ama?- Não, eu falei no passado!- Curioso né? É a mesma conjugação.- Que língua doida! Quer dizer que nós estamos condenados a amar para sempre?- E não é o que acontece? Digo, nosso amor nunca acaba, o que acaba são as relações…- Pensar assim me assusta.- Por que? Você acha isso ruim?- É que nessas coisas de amor eu sempre dôo demais…- Você usou o verbo ‘doer’ ou ‘doar’?- [Pausa] Pois é, também dá no mesmo…
(…) Claro que você não tem culpa, coração, caímos exatamente na mesma ratoeira, a única diferença é que você pensa que pode escapar, e eu quero chafurdar na dor deste ferro enfiado fundo na minha garganta seca que só umedece com vodka, me passa o cigarro, não, não estou desesperada, não mais do que sempre estive, nothing special, baby, não estou louca nem bêbada, estou é lúcida pra caralho e sei claramente que não tenho nenhuma saída, ah não se preocupe, meu bem, depois que você sair tomo banho frio, leite quente com mel de eucalipto, gin-seng e lexotan,depois deito, depois durmo, depois acordo e passo uma semana a ban-chá e arroz integral, absolutamente santa, absolutamente pura, absolutamente limpa, depois tomo outro porre, cheiro cinco gramas, bato o carro numa esquina ou ligo para o CVV às quatro da madrugada e alugo a cabeça dum panaca qualquer choramingando coisas do tipo preciso-tanto-de-uma-razão-para-viver-e-sei-que-esta-razão-só-está-dentro-de-mim-bababá-bababá, até o sol pintar atrás daqueles edifícios, não vou tomar nenhuma medida drástica, a não ser continuar, tem coisa mais destrutiva que insistir sem fé nenhuma?”
Caio Fernando Abreu.
Caio Fernando Abreu.
Faz meses que não te vejo, ‘que não falo com você’. Não sei se você está bem, se está estudando, se está gostando de outro alguém ou se às vezes ainda sonha comigo. Nada mais sei sobre você, além do que sobrou. Recentemente vi umas fotos suas, o corte de cabelo ainda era o mesmo, o físico, o estilo de roupas. Mas tinha algo diferente, eu sei que tinha, porém, como eu poderia explicar? Era algo no seu olhar castanho escuro, como se faltasse algo por dentro de você. Era o formato dos traços do seu sorriso, como se tivesse perdido um pedaço de você… Então lembrei, talvez o que faltava, era o pedaço de você que eu levei comigo, e não consegui te devolver.
13 de fev. de 2011
tomara que a gente não desista de ser quem é por nada nem ninguém deste
mundo. que a gente reconheça o poder do outro sem esquecer do nosso. que
as mentiras alheias não confundam as nossas verdades, mesmo que as
mentiras e as verdades sejam impermanentes. que friagem nenhuma seja
capaz de encabular o nosso calor mais bonito. que, mesmo quando
estivermos doendo, não percamos de vista nem de sonho a ideia da
alegria. tomara que apesar dos apesares todos, a gente continue tendo
valentia suficiente para não abrir mão de se sentir feliz.
mundo. que a gente reconheça o poder do outro sem esquecer do nosso. que
as mentiras alheias não confundam as nossas verdades, mesmo que as
mentiras e as verdades sejam impermanentes. que friagem nenhuma seja
capaz de encabular o nosso calor mais bonito. que, mesmo quando
estivermos doendo, não percamos de vista nem de sonho a ideia da
alegria. tomara que apesar dos apesares todos, a gente continue tendo
valentia suficiente para não abrir mão de se sentir feliz.
Eu preciso muito, muito de você. Eu quero muito, muito você aqui de vez em quando, nem que seja muito de vez em quando. Você nem precisa trazer maçãs, nem perguntar se estou melhor, você não precisa trazer nada, só você mesmo. Você nem precisa dizer alguma coisa no telefone, basta ligar e eu fico ouvindo o seu silêncio. Juro como não peço mais que o seu silêncio do outro lado da linha ou do outro lado da porta ou do outro lado do muro. Mas eu preciso muito, muito de você.
Chorei três horas, depois dormi dois dias. Parece incrível ainda estar vivo quando já não se acredita em mais nada. Olhar, quando já não se acredita no que se vê. E não sentir dor nem medo porque atingiram seu limite. E não ter nada além deste amplo vazio que poderei preencher como quiser ou deixá-lo assim, sozinho em si mesmo, completo, total.
A gente não se recusa a se entregar a qualquer tipo de amor ou de entrega. A gente tá se perdendo todos os dias, pedindo pra pessoas erradas. Mas o negócio é procurar. A gente, quando tenta analisar qualquer problema, sempre vai aprofundando, aprofundando, até que chega nesse fundo que é amor sempre.
Então, de repente, sem pretender, respirou fundo e pensou que era bom viver. Mesmo que as partidas doessem, e que a cada dia fosse necessário adotar uma nova maneira de agir e de pensar, descobrindo-a inútil no dia seguinte - mesmo assim era bom viver. Não era fácil, nem agradável. Mas ainda assim era bom. Tinha quase certeza.
Tanto espero, seja uma carta, seja um telefonema. Em minha mente hiperativa ouço sua voz com sotaque forte de um lugar desconhecido. A espera é longa e dolorida. Conto os segundos, os minutos, as horas e os dias. Conto todos e todas. Mas a espera continua ali parada em um canto da mente, em um canto do peito. A música toca, os carros passam, cachorros uivam… A caixa de correio continua vazia, o telefone silencioso. Mas em minha mente leio palavras escritas por suas mãos com letras que nem sei se são realmente suas. E ouço. E vejo. juntos-separados fumamos um cigarro e tomamos um café quente. Os dias de frio já passaram e o sol voltou a colorir o cinza intrometido das ruas. Mas algo falta. Algo continua a doer. Esse Falta-não-falta, esse dói-não-dói, sua ausência-presença. Sua voz silenciosa falta.
Sabe, eu acho que não sei fechar ciclos, colocar pontos finais. Comigo são sempre virgulas, aspas, reticências… eu vou gostando… eu vou cuidando, eu vou desculpando, eu vou superando, eu vou compreendendo, eu vou relevando, eu vou… e continuo indo, assim, desse jeito, sem virar páginas, sem colocar pontos… e vou… dando muito de mim, e aceitando o pouquinho que os outros tem para me dar.'
6 de fev. de 2011
Preciso sim, preciso tanto. Alguém que aceite tanto meus sonos demorados quanto minhas insônias insuportáveis. Tanto meu ciclo ascético Francisco de Assis quanto meu ciclo etílico bukovskiano. Tanto faz, e sem dizer nada me diga o tempo inteiro alguma coisa como eu sou o outro ser conjunto ao teu, mas não sou tu, e quero adoçar tua vida. Para continuar vivendo, preciso da parte de mim que não está em mim, mas guardada em você que eu não conheço.
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